Cenário de curto prazo para a indústria de trigo e derivados deverá ser apertado, mas há boas perspectivas para o médio e o longo prazo.
Estudos
Relatório Setorial
Apesar do incremento na produção mundial de trigo, a demanda continua crescendo, resultando em menores estoques globais. Problemas climáticos, como a escassez de chuvas na Rússia e na Ucrânia, têm prejudicado a produção nesses países, uma situação que é apenas parcialmente compensada pela vitalidade da produção na América do Norte, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá. O cenário de dólar alto tem aumentado os custos dos insumos, especialmente das sementes. Além disso, a pressão sobre as cotações do trigo, causada pelos baixos estoques, está reduzindo as margens da indústria de moagem. No Rio Grande do Sul, a redução e o atraso na produção de trigo pressionam a indústria de moagem a importar o cereal, o que ocorre em um contexto de preços elevados. Na Argentina, a concentração de chuvas nos meses de março e abril ajudou na recuperação dos solos. Além disso, a queda nos preços dos fertilizantes e a atratividade das cotações sugerem uma maior área plantada e uma produção mais robusta no próximo ciclo. Assim sendo, a produção do país vizinho deverá, por um lado, exercer pressão competitiva ao setor nacional; e, por outro, amenizar a alta de preços para a indústria de derivados. A recuperação das exportações argentinas representa, portanto, um obstáculo – ainda que não completamente impeditivo – à perspectiva de autossuficiência brasileira. Ainda assim, conforme já observado, o movimento geral é de alta nos preços. Assim sendo, o setor está cauteloso quanto a seus repasses devido à competição do trigo com outras culturas de inverno, que também impulsionam uma alta nas cotações.