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  • economia brasileira, indicadores econômicos, câmbio, inflação, balança comercial, juros selic, desemprego, atividade industrial

    A análise macroeconômica é o estudo dos grandes fenômenos que afetam a economia de um país ou de uma região, como o Produto Interno Bruto (PIB), a inflação, a taxa de juros, o câmbio, o consumo e o desemprego.

    Esses indicadores permitem compreender a conjuntura econômica, as políticas públicas e as oportunidades e desafios para os negócios, os investimentos e o consumo.

    A relação entre a análise macroeconômica e o planejamento financeiro é fundamental para que as empresas possam tomar decisões estratégicas e operacionais mais adequadas ao cenário econômico vigente ou esperado.

    A seguir, apresentamos alguns exemplos de como a análise macroeconômica pode ajudar no planejamento financeiro das empresas:

    - Acompanhar a evolução do PIB pode ajudar as empresas a estimar a demanda por seus produtos ou serviços, a definir suas metas de vendas e de lucro, a dimensionar sua capacidade produtiva e sua estrutura de custos, a identificar oportunidades de expansão ou de diversificação, entre outras ações.

    - Atentar-se para a variação da inflação pode ajudar as empresas a ajustar seus preços de venda, a negociar com seus fornecedores, a controlar seus estoques, a gerenciar seu capital de giro, a avaliar sua rentabilidade real, entre outras medidas.

    - Observar a trajetória da taxa de juros pode ajudar as empresas a planejar seus investimentos em máquinas, equipamentos, tecnologia ou inovação, a definir suas fontes de financiamento e suas formas de pagamento, a escolher as melhores aplicações financeiras para seus recursos disponíveis, entre outras decisões.

    - Monitorar as oscilações do câmbio pode ajudar as empresas a definir sua estratégia de exportação ou importação, a negociar contratos em moeda estrangeira, a proteger-se contra riscos cambiais, a aproveitar oportunidades de arbitragem, entre outras alternativas.

    - Os hábitos e as tendências de consumo pode ajudar as empresas a conhecer melhor seu público-alvo, a segmentar seu mercado, a desenvolver seus produtos ou serviços, a definir seu posicionamento e sua comunicação, a fidelizar seus clientes, entre outras ações.

    - Agora, acompanhar o nível e a composição do desemprego pode ajudar as empresas a avaliar a oferta e a demanda por mão de obra, a definir sua política salarial e de benefícios, a capacitar e motivar seus funcionários, a reduzir a rotatividade e o absenteísmo, entre outras medidas.

    Como se pode ver, a análise macroeconômica pode ajudar no planejamento financeiro das empresas de diversas formas, contribuindo para que elas possam se adaptar às mudanças do ambiente econômico, aproveitar as oportunidades e minimizar os riscos.

    Por isso, é importante que as empresas acompanhem os indicadores macroeconômicos e utilizem as informações disponíveis para tomar decisões mais assertivas e sustentáveis.

    A LAFIS Consultoria oferece análises setoriais e informações do mercado financeiro para auxiliar empresas na tomada de decisão, com uma cobertura de 58 setores do mercado, e conta com uma equipe de profissionais qualificados nas áreas econômica, mercadológica e financeira.

    Além disso, a LAFIS também fornece um panorama setorial para cada setor monitorado pela consultoria. O panorama é uma apresentação executiva que aborda de forma direta os principais tópicos do setor, como market size, market share, SWOT, drivers, alertas e indicadores macroeconômicos.

    No mundo atual, é essencial se manter atualizado no seu setor de mercado. As tendências, as demandas e as oportunidades mudam rapidamente e você precisa estar preparado para aproveitá-las.

    Por isso, convidamos você a navegar pelo nosso blog e explorar informações valiosas que podem ajudar você a se destacar na sua área. Aqui você vai encontrar dicas, análises, casos de sucesso e muito mais.

    Não perca tempo e comece a se atualizar agora mesmo!


    O setor de alimentos no Brasil é um dos mais importantes e dinâmicos da economia nacional, representando cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e gerando mais de 6 milhões de empregos diretos e indiretos.

    O país é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, com destaque para as commodities agrícolas, como soja, milho, café, açúcar e carnes.

    No entanto, o setor também enfrenta diversos desafios e oportunidades, que exigem uma análise setorial aprofundada para compreender as tendências e perspectivas para o futuro.

    Neste artigo, vamos abordar alguns dos principais aspectos que influenciam o desempenho e a competitividade do setor de alimentos no Brasil, tais como:

     

    O cenário macroeconômico e seus impactos na demanda e na oferta de alimentos;

    As mudanças nos hábitos de consumo e nas preferências dos consumidores brasileiros;

    A inovação tecnológica e a transformação digital no setor de alimentos.

     

     

    Cenário Macroeconômico do Setor de Alimentos no Brasil
     

    O cenário macroeconômico é um dos principais fatores que afetam o setor de alimentos no Brasil, tanto do lado da demanda quanto da oferta. A demanda por alimentos está relacionada ao nível de renda, ao emprego, à inflação, à taxa de câmbio e à confiança dos consumidores.

    A oferta de alimentos depende da produção agrícola, da infraestrutura logística, dos custos de produção, dos preços internacionais e das condições climáticas.

    Nos últimos anos, o Brasil passou por uma grave crise econômica, que afetou negativamente o consumo e a produção de alimentos. A recessão entre 2015 e 2016 reduziu o poder de compra das famílias e aumentou a taxa de desemprego.

    A inflação também subiu acima da meta estabelecida pelo Banco Central, corroendo o valor real dos salários. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar encareceu os insumos importados e os produtos finais exportados pelo setor de alimentos.

    Por outro lado, a crise também trouxe algumas oportunidades para o setor. A desvalorização cambial tornou os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, aumentando as exportações de alimentos.

    A queda da taxa básica de juros (Selic) reduziu o custo do crédito para os produtores rurais e para os investimentos em infraestrutura. A melhora das condições climáticas favoreceu a safra agrícola, que bateu recordes históricos em 2017 e 2018.

    Para os próximos anos, as expectativas são de uma recuperação gradual da economia brasileira, com crescimento moderado do PIB, redução da taxa de desemprego, controle da inflação e estabilidade cambial. Esses fatores devem contribuir para a retomada do consumo interno de alimentos e para a manutenção da competitividade externa do setor.

     

    Mudanças nos Hábitos de Consumo do Setor de Alimentos
     

    As mudanças nos hábitos de consumo e nas preferências dos consumidores brasileiros são outro aspecto relevante para o setor de alimentos no Brasil. O perfil demográfico, socioeconômico e cultural da população influencia diretamente as escolhas alimentares das pessoas.

    Alguns dos fatores que estão moldando o comportamento dos consumidores são:

    - O envelhecimento da população: o Brasil está passando por um processo de transição demográfica, com aumento da expectativa de vida e redução da taxa de fecundidade. Isso implica em uma maior participação dos idosos na população total, que tendem a ter hábitos alimentares mais saudáveis e a consumir produtos com maior valor agregado;

    - A urbanização: o Brasil é um país predominantemente urbano, com cerca de 85% da população vivendo em cidades. A vida urbana implica em uma maior exposição à diversidade cultural, à informação, à conveniência e à praticidade. Os consumidores urbanos tendem a buscar alimentos mais variados, prontos ou semi-prontos, com maior qualidade e segurança;

    - A ascensão da classe média: o Brasil teve um processo de redução da pobreza e da desigualdade social nas últimas décadas, com a ascensão de milhões de pessoas à classe média. Esse segmento representa cerca de 55% da população brasileira e tem maior poder de compra e acesso à educação. Os consumidores da classe média tendem a demandar alimentos mais sofisticados, diversificados e personalizados;

    - A conscientização dos consumidores: o Brasil também está passando por um processo de conscientização dos consumidores, que estão mais atentos aos aspectos nutricionais, ambientais e sociais dos alimentos que consomem. Os consumidores conscientes tendem a preferir alimentos mais saudáveis, naturais, orgânicos, sustentáveis e éticos.

    Essas mudanças nos hábitos de consumo representam desafios e oportunidades para o setor de alimentos no Brasil, que precisa se adaptar às novas demandas e expectativas dos consumidores.

     

    Inovação Tecnológica no Setor de Alimentos no Brasil
     

    A tecnologia permite aumentar a produtividade, a qualidade, a segurança e a competitividade do setor, bem como criar novos produtos, serviços e experiências para os consumidores.

    Alguns dos exemplos de inovação tecnológica no setor de alimentos são:

    A biotecnologia: permite desenvolver novas variedades de plantas e animais, com maior resistência a pragas e doenças, maior produtividade e melhor qualidade nutricional. A biotecnologia também permite produzir alimentos funcionais, que contêm substâncias que trazem benefícios à saúde dos consumidores;

    A nanotecnologia: permite criar novos materiais e propriedades para os alimentos, como cor, sabor, textura, conservação e funcionalidade. A nanotecnologia também permite desenvolver novos sistemas de embalagem, rastreamento e monitoramento dos alimentos;

    A inteligência artificial: permite automatizar processos, otimizar recursos, analisar dados e gerar insights para o setor de alimentos, também permite criar novas formas de interação entre os consumidores e os alimentos, como assistentes virtuais, recomendações personalizadas e realidade aumentada;

    A internet das coisas: permite integrar toda a cadeia produtiva do setor de alimentos, desde o campo até o consumidor final. A internet das coisas permite coletar, transmitir e processar informações em tempo real sobre os alimentos, como origem, qualidade, temperatura, validade e consumo.

    Esses exemplos de inovação tecnológica representam oportunidades para o setor de alimentos no Brasil, que pode se beneficiar das novas soluções para aumentar sua eficiência, sua competitividade e sua atratividade para os consumidores.

    O setor precisa investir em pesquisa, desenvolvimento, capacitação e parcerias para incorporar as novas tecnologias em seus processos e produtos.

    Nesse contexto, a LAFIS desempenha um papel fundamental, fornecendo insights valiosos e orientações estratégicas para as empresas enfrentarem os desafios e aproveitarem as oportunidades do mercado.

    Em suma, a análise setorial do setor de alimentos no Brasil aponta para um futuro promissor, impulsionado pelo crescimento da demanda por alimentos diversificados e saudáveis.

    A Pesquisa Mensal de Serviços referente ao mês de março de 2020, divulgada pelo IBGE no dia 12/05, registrou recuo de 6,9% no volume de serviços prestados no país em relação ao mês anterior na série com ajuste sazonal, sendo esta a queda mais intensa de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2011. A pesquisa destaca que tal desempenho foi influenciado, principalmente, pelos últimos 10 dias do mês de março, quando se iniciaram as medidas de combate ao novo coronavírus (Covid-19) em diversas regiões do Brasil. Com isso, o resultado acumulado no ano passou de 1,1% até fevereiro de 2020 para uma queda de 0,1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019.

    Dentre as medidas anunciadas pelos governos municipais e estaduais para restringir a circulação de pessoas e, consequentemente, impedir o avanço do vírus está a suspensão de serviços presenciais considerados não essenciais, o que levou ao fechamento de estabelecimentos como bares, restaurantes e hotéis. Ainda que com o auxílio do atendimento via delivery, tais atividades sentiram uma drástica queda no volume de vendas, o que pode ser observado pela categoria “Serviços prestados às famílias” – que inclui a subcategoria “Serviços de alojamento e alimentação”, como hotéis, alojamento, restaurantes, serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada – e seu recuo mensal igual a 31,2% em março deste ano, sendo esta a taxa negativa mais intensa de sua série histórica. Tal resultado levou a uma reversão da trajetória de crescimento acumulado no ano observada até fevereiro deste ano (3,4%), recuando 33,4% no primeiro trimestre de 2020 quando comparado ao mesmo período do ano passado, e sendo esta a queda mais intensa dentre as cinco atividades avaliadas pela pesquisa nesta base de comparação.

    Destaca-se também as atividades relacionadas a “Transporte, serviços auxiliares ao transporte e correio”, que apresentaram queda mensal de 9% em março deste ano, a taxa mais negativa desde maio de 2018 (-9,5%) quando ocorreu a greve dos caminhoneiros e afetou diretamente o desempenho do transporte rodoviário do País. Neste ano, porém, o resultado negativo foi influenciado principalmente pela queda no volume de serviços das empresas ligadas ao setor aéreo (-27,5%) e terrestre (-10,6%) como reflexo direto e indireto das medidas de combate ao Covid-19, como a suspensão de voos e a limitação no descolamento via transporte rodoviário, ambos relacionados ao transporte de passageiros.

    Este cenário de pandemia tornou inviável qualquer atividade turística no País, um dos primeiros setores e mais afetados pela crise sanitária. Tendo em vista o risco de contaminação, diversas fronteiras foram  fechadas, levando à suspensão de viagens, paralisação das operações de companhias aéreas, suspensão dos itinerários de cruzeiros por tempo indeterminado, cancelamento de eventos em centros de convenções e à suspensão das atividades de hotéis e alojamento. Neste sentido, o conglomerado “Atividades turísticas” avaliado pelo IBGE apontou uma queda de 30% no volume de serviços prestados pelo setor, o recuo mais intenso de toda a série histórica, acumulando um resultado negativo e igual a 6,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, após crescer 4,8% até fevereiro de 2020.

    Por fim, sob a ótica regional, os reflexos da crise sanitária puderam ser sentidos em todos os 12 estados avaliados pela pesquisa, com maior intensidade nos estados mais afetados pelo vírus, como São Paulo e Rio de Janeiro, com quedas mensais iguais a 6,2% e 9,2%, respectivamente, no volume de serviços prestados no mês de março deste ano. Ambos os estados possuem atualmente o maior número de casos de Covid-19, bem como o maior número de mortos pelo vírus, dentre todas as regiões do País, fazendo com que as medidas de isolamento social sejam mais rígidas e implementadas por um período de tempo mais longo. Válidos desde a segunda quinzena de março, os decretos estaduais e municipais que determinam a suspensão dos serviços presenciais e não essenciais já foram prorrogados até o final de maio deste ano, com exceções para regiões onde a doença possui menor incidência.

    Diante desta conjuntura, a Lafis acredita que o desempenho do setor de serviços nacional deverá manter-se negativo entre abril e maio deste ano, acumulando uma queda significativa no primeiro semestre deste ano e em intensidade sem precedentes na história do setor. Além disso, a magnitude deste resultado negativo está altamente relacionada à duração do período de isolamento social e das medidas de combate ao coronavírus, principalmente em setores de elevado peso no PIB, como o turismo, e em regiões de grande importância na atividade econômica nacional, como os estados de SP e RJ, e suas suas respectivas regiões metropolitanas. Por fim, cabe ressaltar ainda que, mesmo diante do fim da quarentena, a retomada do setor de serviços será desafiadora ao longo deste ano e início de 2021, uma vez que a crise sanitária, e consequentemente econômica, gerará uma alta instabilidade no mercado de trabalho, fazendo com que as famílias estejam mais vulneráveis e menos dispostas à expandir seus gastos.

    Especialista Responsável  Fernanda Rodrigues.

    De acordo com os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada pelo IBGE na última quinta-feira (30/04), a taxa de desocupação no Brasil atingiu 12,2% no trimestre de janeiro a março/2020, somando um total de 12,8 milhões de desocupados. O resultado representou um crescimento de 10,5% ante o trimestre anterior (out-nov-dez/2019), quando a taxa havia atingido 11,0%, isto é, um aumento de 1,2 milhão de pessoas no total de desocupados no País, movimento que já refletiu os efeitos da crise do Covid-19 que estabeleceu-se no País a partir da segunda quinzena de março, mas sobretudo o efeito sazonal comum do mercado de trabalho no início do ano. 

    A taxa de desocupação não é o melhor indicador para captar os efeitos da crise do Covid-19 no mercado de trabalho, uma vez que, de acordo com a sua metodologia, só é considerada desocupada a pessoa que estava sem trabalho, mas tomou alguma atitude para procurar trabalho nos últimos 30 dias e estava disposta para assumi-lo na semana da pesquisa. Diante das medidas do isolamento social, parte dos trabalhadores tiveram dificuldades para procurar trabalho, o que acabou elevando a população fora da força de trabalho (não é ocupada, nem desocupada), com um aumento recorde de 2,8% nessa população em relação ao trimestre anterior, um incremento de 1,8 milhão de pessoas.

    Vale destacar no resultado da PNAD a forte retração da população ocupada, uma queda de 2,5%, acima da média histórica de 2012 a 2019 observada para este mesmo período e comparação (-1,2%), totalizando 92,2 milhões de ocupados. Houve uma redução de 2,3 milhões de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em março comparado com o trimestre anterior. Ao observar a queda da ocupação por atividades, é possível notar o recuo substantivo da ocupação em atividades relacionadas ao comércio não essencial: uma redução de 628 mil pessoas ocupadas no Comércio, Repar. Veíc.Automotores e Motoc; e uma redução de 308 mil pessoas ocupadas na atividade de Alojamento e Alimentação. A tabela abaixo detalha a distribuição da ocupação por atividades:

    Neste trimestre, a taxa de informalidade do mercado de trabalho brasileiro atingiu 39,9% da população ocupada, isto é, cerca de 1/3 dos trabalhadores do mercado de trabalho brasileiro. Os impactos da crise do Covid-19 no mercado de trabalho estão apenas começando, os resultados de março apenas pré-anunciam os impactos que deverão mostrar-se mais fortes nos próximos meses.

    Os trabalhadores do setor informal, que já possuem um rendimento abaixo da média nacional, deverão ser os mais prejudicados. O Governo anunciou um benefício emergencial de R$ 600 reais destinados a esses trabalhadores. Todavia, esse benefício ainda fica abaixo da renda média observada por estas pessoas até a crise, ou seja, esses deverão ressentir uma queda substantiva de sua renda mensal.

    Para os trabalhadores do setor formal, o Governo criou um programa chamado Programa Emergencial de Manutenção do Emprego da Renda em 1 de abril, a partir da Medida Provisória (MP) 936. Tal programa tem como objetivo oferecer medidas trabalhistas paro o enfrentamento da pandemia Covid-19, e garante o Benefício Emergencial de Emprego e da Renda (BEm) aos trabalhadores que tiverem redução da jornada de trabalho com redução de salário e aos trabalhadores que tiveram seus contratos de trabalho suspensos. No caso de redução da jornada, o Governo oferece uma compensação parcial da queda do salário do trabalhador, já no caso de suspensão do contrato de trabalho, os trabalhadores recebem o valor equivalente ao seguro desemprego, que este trabalhador teria direito. De acordo com o último levantamento, cerca de 5,4 milhões de trabalhadores já fazem parte deste programa.

    Por fim, em relação aos impactos da crise do Covid-19 a Lafis estima uma forte elevação da taxa de desocupação, além do crescimento da informalidade na economia e queda da renda média das famílias. De acordo com as perspectivas da Lafis, mesmo após o restabelecimento da circulação de pessoas e retomada das atividades econômicas suspensas, haverá um longo período de atividade deprimida em virtude da falência de parte da força produtiva que sofreu com a brusca queda de receita. Além disso, o consumo provavelmente não deverá se restabelecer instantaneamente aos níveis pré-crise Covid-19, o que deverá afetar o ritmo de contratação da força de trabalho que a economia vinha traçando desde 2017.

    Especialista do Mercado de Trabalho Laís Soares.

    De acordo com o Banco Central do Brasil, houve um crescimento de 2,9% no saldo das operações de crédito totais em março deste ano, alcançando R$ 3,59 trilhões – o maior patamar da série histórica – impulsionado, principalmente, pelo avanço nas operações de crédito destinadas às pessoas jurídicas. Neste caso, observou-se um crescimento (6,4%) no crédito destinado às empresas entre fevereiro e março de 2020 em uma intensidade de crescimento mensal nunca observada anteriormente em toda a série histórica desta categoria, contribuindo também para acelerar a variação acumulada nos últimos 12 meses, que passou de 1,4% para 6,9%. Além disso, tal crescimento foi influenciado pelo avanço em ambas as modalidades: recursos direcionados (0,8% no mês e      -11,9% em 12 meses) e recursos livres (9,9% no mês e 21,7% em 12 meses).

    Os resultados descritos anteriormente mostram um crescimento significativo na demanda das empresas por crédito, sendo atendida pelas ações, em caráter emergencial, dos principais bancos do País para minimizar os impactos econômicos gerados pelas medidas de combate ao novo coronavírus (Covid-19), como a paralisação de serviços e comércios físicos e não essenciais. Ainda que a inadimplência destes agentes tenha recuado em março (-0,01 p.p.), a Lafis alerta quanto ao possível avanço desta inadimplência nos próximos dias em meio ao cenário de crise sanitária que persiste no Brasil. Isto porque importante parte das carteiras de crédito PJ é destinada a pequenas e médias empresas, principais afetadas pela paralisação: como tais empresas possuem uma menor capacidade para se sustentar ao longo destes dias de vendas fracas, estas deverão aumentar o nível de inadimplência de suas carteiras.

    Com isso, poderá se observar também uma migração da demanda das empresas por crédito livre para o crédito direcionado, como os pacotes anunciados pelo BNDES para amparar diversos negócios, uma vez que as instituições financeiras tradicionais tenderão a aumentar sua aversão ao risco, principalmente em um ambiente de elevada incerteza em razão de uma crise sem precedentes na economia nacional.

    No que diz respeito às operações destinadas às pessoas físicas, observou-se, em março, um avanço mensal de 0,3% no total das operações como resultado do crescimento em ambas as modalidades: recursos livres (0,1%, sendo esta a menor taxa desde setembro de 2018) e recursos direcionados (0,6%). O destaque, porém, está no nível de inadimplência destes agentes: crescimento de 0,27 p.p. no mês, alcançando 3,92%, o maior patamar desde agosto de 2017 (3,93%). Este resultado eleva também o nível de atenção quanto ao desempenho das operações de crédito às pessoas físicas, uma vez que, desde a chegada do novo coronavírus (Covid-19) ao Brasil, a Lafis acredita em um aumento no número de desocupados no País, tendo em vista as medidas até então anunciadas para impedir o avanço do vírus. Com suas atividades paradas, muitos empresários e comerciantes correm o risco de perder seus negócios, implicando na demissão de funcionários e, com isso, as famílias sofrerão com um maior comprometimento de sua renda com dívidas.

    Com isso, a Lafis acredita que este cenário comprometerá a trajetória de crescimento das operações de crédito nos próximos meses, mensurando seus impactos conforme a duração da crise sanitária e das medidas de suspensão das principais atividades econômicas.

    Especialista do Setor Fernanda Rodrigues.

    A economia global vem sentindo os efeitos da pandemia no novo Coronavírus (Covid-19) que se alastram por todos os continentes, derrubando a atividade econômica e apontando para perspectivas negativas em 2020. Em publicação recente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a economia mundial deverá ter o pior desempenho desde a Grande Depressão, em 1929; no que se refere o Brasil, em particular, a estimativa é de um recuo de 5,3% no PIB que, se confirmada, será a queda mais intensa observada desde 1901. Assim, este texto tem como objetivo fazer um breve resumo sobre o comportamento atual, bem como as perspectivas para algumas das principais commodities brasileiras, carro chefe das exportações nacionais.

    No último relatório de projeções de safra (abril), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estimou uma safra total de grãos para 2019/20 em 251,8 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 4% em comparação à safra passada (2018/19) e um recorde em volume. A área plantada também deverá se expandir significativamente, cerca de 2,9%, um incremento de 1,85 milhão de hectares. No que se refere à soja, principal produto exportado, o órgão estimou safra de 122,1 milhões de toneladas, 2 milhões a menos que na estimativa anterior, mas ainda assim um recorde para o grão. Ressalta-se ainda que o resultado positivo é esperado a despeito dos problemas climáticos na região Sul do país, importante produtora de soja.

    A pandemia de Covid-19 ainda não alterou a trajetória positiva da oleaginosa, que segue ritmo esperado de exportação, tendo a China como principal compradora. De acordo com relatório recente do USDA, Departamento de Agricultura dos EUA, estima-se que o país oriental deverá importar 103,7 milhões de toneladas de soja em 2019/20; além disso, a publicação destaca uma redução nas estimativas de vendas do produto norte-americano, de 49,67 milhões para 48,31 milhões de toneladas.

    A despeito das tensões diplomáticas criadas primeiro pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro e, depois, pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, endossadas pelo Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, os chineses não mudaram o apetite pela soja brasileira até o momento. Enquanto o USDA estima vendas de 78,5 milhões de toneladas de soja do Brasil para a China, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) projeta exportações de 73,5 milhões de toneladas para 2020 (a Aprosoja estima 77 milhões). Em 2019, foram exportadas 74,1 milhões de toneladas, sendo 80% destinada para a China. Os dados de 2020 indicam que os embarques e o principal cliente seguem firmes; de acordo com dados do Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o país registrou no primeiro trimestre de 2020 um total de 18,1 milhões de toneladas em exportações de soja, com um crescimento de 15,30% comparado ao mesmo período de 2019.

    No que diz respeito ao minério de ferro, outro produto de grande relevância na pauta de exportação brasileira, as expectativas são menos animadoras. Diante do cenário de profunda aversão ao risco, expressa na queda das bolsas do mundo todo, as ações das empresas mineradoras estão desvalorizadas. Entre as principais razões, a iminente desaceleração da atividade global vem puxando para baixo os preços das commodities, o que certamente trará impactos negativos sobre a receita de grandes players do setor. Empresas como Anglo American Platinum e Sibanye Stillwater se preparam para uma série de ações, como medir a temperatura de trabalhadores antes de entrarem em elevadores estreitos para descer até 3,8 Km em minas subterrâneas e incentivar funcionários a revelar se são portadores de HIV. As empresas também distribuem vacinas contra a gripe e mudam a maneira como são feitos os exames médicos.

    Diante das paralisações e o estabelecimento da crise sanitária no País, já é esperada uma crise de confiança com significativa retração da demanda e da produção industrial. Assim, tanto os consumidores como os investidores deverão postergar suas encomendas por muitos meses após o pico da crise. Setores como a construção, bem como a maioria dos segmentos da indústria de transformação (como o automobilístico, vestuário e eletrônicos) certamente amargarão maus resultados em 2020. Desta forma, a perspectiva da Lafis para o desempenho do PIB Indústria para este ano foi drasticamente reduzida, levando o setor à uma retração de 2,1%. No primeiro trimestre deste ano, a exportações de minério de ferro e seus concentrados registraram relativa estabilidade em termos de receita (-0,86%) em comparação ao mesmo período de 2019. A China, porém, foi responsável por 61,3% das compras, um aumento de 10 p.p. em relação a idêntico período do ano passado.

    Destaca-se ainda o comportamento das proteínas animais e o papel de protagonista que o mercado chinês vem assumindo no que se refere aos produtos brasileiros. A maior parte da produção pecuária, cerca de 75%, é destinada ao mercado interno, a despeito da participação crescente das exportações, especialmente demandadas por China, UE e EUA. Vale destacar que, de acordo com o Ministério da Agricultura, no primeiro bimestre do ano, os abates tiveram queda de 12,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. Adicionalmente, algumas plantas vêm sendo paralisadas dentro do plano de contenção da contaminação; em março, a JBS parou por 20 dias a produção em cinco frigoríficos, enquanto a Minerva paralisou por período de 10 a 15 dias, quatro das nove plantas que atuam no Brasil.

    O preço da arroba, porém, tem se sustentado ao redor de R$ 200, mantido pela demanda externa, particularmente da China, que já vem se recuperando do isolamento social imposto desde janeiro, além dos efeitos da gripe africana sobre a carne suína naquele país, o que o faz manter firme sua demanda por proteína, a despeito das dificuldades impostas pela pandemia. A receita de exportação com carne in natura no primeiro trimestre foi de US$ 1,6 bilhão, cerca de 29% acima do observado no mesmo período de 2019; a desvalorização cambial observada no período recente contribuiu decisivamente para o resultado. Por outro lado, deve-se destacar que mercados demandantes de carnes nobres, como o europeu, segue em compasso de espera do desfecho da pandemia que ainda se alastra pelo velho continente

    No primeiro trimestre de 2020, as exportações de carne suína in natura tiveram alta de 33,6% em comparação com o mesmo período de 2019; na mesma base de comparação, a carne de frango teve alta de 2,2% e a bovina, crescimento de 6,2%. Somente a China, em março, respondeu por cerca de 35% das compras (51,86 mil toneladas) em comparação ao mesmo mês do ano passado; de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), o salto de 108% no mês é resultado, em boa medida, do aumento expressivo de plantas habilitadas à exportação, como a Lafis vem salientando nos últimos relatórios do setor.

    Em última análise, cabe destacar que, a despeito das dificuldades pontuais esperadas para cada setor, a agropecuária brasileira deverá sofrer consideravelmente menos que indústria, comércio e serviços. Voltados com grande intensidade às exportações, o campo espera um aumento no Valor Bruto da Produção em 2020 de 10,6%, de acordo com a projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); a agropecuária “dentro da porteira” deverá puxar para cima o faturamento bruto para R$ 706,7, com destaque para soja e carne bovina.

    Especialista responsável Marcos Henrique

    O momento atual é de mudanças no paradigma econômico e o resgate das teses do economista inglês, John Maynard Keynes voltou à baila. Preocupado com os efeitos deletérios da Grande Depressão de 1929, o autor britânico, por meio de sua obra principal, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro, propôs um programa de intervenção do Estado com vistas a atuar sobre a demanda agregada, o que produziu uma verdadeira revolução no pensamento econômico, inaugurando uma tradição presente até os dias de hoje, o keynesianismo. Questionado à época se isso não geraria problemas e dívidas no longo prazo, Keynes respondeu que, caso não fosse dada atenção aos problemas presentes, não haveria longo prazo; para ele, “no longo prazo estaremos todos mortos”.

     

    Feita esta introdução, duas advertências se fazem necessárias: (i) o contexto atual de intervenção pública para salvar a economia é radicalmente oposto aquele descrito na Grande Depressão, o que nos desautoriza, ao menos por enquanto, a fazer comparações com o New Deal , proposto por Franklin D. Roosevelt; e (ii) o Brasil é radicalmente oposto aos países desenvolvidos, tanto antes quanto agora e, portanto, as exigências que se colocam num plano de recuperação devem levar em consideração problemas estruturais de outra natureza.

     

    A pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), que alastra pelo mundo desde o início deste ano, tem colocado os países em situação de fragilidade. Seja no que se refere à saúde pública, o que destampou um buraco de dificuldades e limitações à universalização de serviços de saúde, mesmo em países ricos como os EUA, ou no que tange aos efeitos sobre a economia global, tema que nos interessa neste espaço. A perspectiva de retração da atividade econômica em diversos países, resultado de expectativas negativas, mas também de efeitos práticos derivados das medidas de distanciamento social, tem feito governos pelo mundo intervir maciçamente por meio de seus orçamentos, a fim de diminuir as perdas. 

    Ao menos 30 países já anunciaram novos programas de transferência de renda para evitar o colapso social, entre os quais os EUA, que recentemente fechou acordo no Câmara dos deputados e vai injetar um pacote de US$ 2 trilhões; ao câmbio cotado no fechamento do mês de março (R$ 5,24/ US$), os norte-americanos colocarão na economia mais de R$ 10,48 trilhões (o PIB brasileiro encerrou 2019 em R$ 7,3 trilhões). Ao todo, os países do G20 pretendem injetar US$ 5 trilhões, tanto para fortalecer os sistemas de saúde, como para conter os efeitos das falências de empresas e do desemprego, que deverá tomar rota explosiva em diversos países; o FMI pediu reforço dos países ao caixa da instituição e afirmou estar disposto a emprestar US$ 1 trilhão para conter os danos da crise.

     

    O Brasil, por sua vez, não está indiferente a este cenário e vem adotando medidas para dar sustentação ao sistema de saúde (SUS), além de ter criado, por meio do Congresso Nacional, um novo programa de transferência de renda. A despeito dos desencontros de informação entre o Palácio do Planalto e o Ministério da Saúde no que confere às ações a serem adotadas, bem como a divergência do governo federal com estados e municípios, o Brasil tem adotado ações práticas com objetivo de mitigar os efeitos negativos desta crise sanitária.

     

    No dia 30 de março, o Senado aprovou o “auxílio emergencial” de R$ 600 mensais a trabalhadores informais, além de R$ 1,2 mil para até dois trabalhadores da família ou mulheres chefes de família com filhos menores de 18 anos. Medidas adicionais, como antecipação de R$ 600 do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas que estão na fila do INSS, permissão para o atraso no recolhimento do FGTS para fortalecer o caixa das empresas por três meses, desoneração de produtos médicos, R$ 24 bilhões em linhas de crédito pessoal e R$ 48 bilhões para as empresas, fazem parte de um programa mais amplo de proteção.

     

    Recentemente, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a soma entre medidas já adotadas e as que ainda estão por vir no enfrentamento à pandemia pode chegar a R$ 750 bilhões, um verdadeiro “orçamento de guerra”, segundo o Ministro. Para efeitos de comparação, o Observatório de Política Fiscal, ligado ao Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, estima que o Brasil deverá gastar cerca de 2% do PIB, ante alguns países que deverão gastar até 17% do PIB, como o caso do Reino Unido. Alemanha e França planejam gastar 12% e 13,1%, respectivamente. Como salientado no início, o Brasil é bem diferente dos demais países, especialmente no que se refere à infraestrutura de saúde pública, a despeito da abrangência do SUS e, também, pelo alto grau de informalidade no mercado de trabalho, atualmente rondando os 40% da PEA.

    De todo modo, o país se prepara para gastar mais e aprofundar o déficit fiscal que vinha obtendo pelos últimos seis anos consecutivos. A situação atual, porém, é de calamidade pública, o que deixa o equilíbrio orçamentário, tido como principal medida para recuperação da confiança, para um momento posterior. Certamente haverá expansão do endividamento público, até mesmo pela necessidade de financiar os déficits crescentes. Dispensado de cumprir a meta fiscal do ano de 2020 (R$ 124,1 bilhões) em função do decreto de calamidade pública, o governo estima déficit primário de R$ 350 bilhões para este ano, o que, por sua vez, deverá ficar circunscrito apenas a 2020, enquanto as medidas da pandemia se tornarem necessárias.

     

    Portanto, impõem-se ao mundo e não apenas ao Brasil uma séria mudança de paradigma no que confere à política econômica ideal para a sustentação e crescimento da renda. A síntese neoclássica, que impusera um duro questionamento ao keynesianismo em meados dos anos 1970, dado o contexto de estagflação somado à crise do petróleo naquela época (pasmem, o petróleo está em crise outra vez!), reinou na cabeça dos economistas até o colapso financeiro de 2008. Àquela altura, cânones da ciência econômica passaram a questionar a tese dominante da contração fiscal expansionista, que relega à “fada da confiança”, na expressão do Prêmio Nobel Paul Krugman, a resposta para as expectativas futuras do setor privado. O Covid-19 vem impondo mais uma inflexão em teses  econômicas, tidas como um dado da natureza. Relembremos Keynes mais uma vez: “A dificuldade não está nas novas ideias, mas em escapar das velhas...”.

     

    Desta forma, a Lafis, que havia revisto seu cenário fiscal recentemente, passando de um déficit primário de R$ 124,1 bilhões para R$ 200,00 bilhões, reforça a perspectiva de ampliação desse déficit, que deverá atingir entre R$ 350 e R$ 400 bilhões, portanto, acima do projetado pelo governo federal. A expetativa, todavia, é de que os efeitos da pandemia devam se alastrar para além dos três meses projetados pelas medidas do governo, podendo manter restrições à circulação e produção até meados de julho/agosto. As condições atípicas, entretanto, deverão se reverter a partir de 2021, quando o Brasil terá que retomar mais uma vez a rota do equilíbrio fiscal, mas certamente tendo uma nova perspectiva sobre os limites que essas medidas têm para estimular o crescimento econômico.

     

    Especialista responsável Marcos Henrique

     


    Dando continuidade a série de boletins informativos do COVID-19, a fim de acompanhar e avaliar os impactos desta conjuntura sobre a economia nacional sob a ótica macroeconômica e setorial, nesta segunda edição serão analisados os principais impactos e medidas já anunciadas pelo Governo relacionadas à Indústria de Transformação.

    A princípio, é necessário ressaltar a relevância da indústria na participação do emprego no País, assim como na composição do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com a publicação do Perfil da Indústria Brasileira (CNI, 2020), a Indústria de Transformação representa 11,4% do PIB, e emprega cerca de 6,7 milhões de trabalhadores. Além disso, ela possui um forte efeito multiplicador, uma vez que, a cada R$ 1,00 produzido nessa indústria são gerados R$ 2,63 na economia brasileira; enquanto nos demais setores esse potencial gerador de valor é bem menor, na Agricultura a cada R$ 1,00 produzido é gerado R$ 1,66 e no Comércio e Serviços, R$ 1,49.

    Até meados da primeira quinzena de março, o receio da indústria em relação ao Covid-19 era sobretudo devido aos impactos de desabastecimento (falta de peças e insumos importados) e a queda da demanda externa.

    De acordo com a divulgação do FGV-IBRE no último dia 20, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) - prévia da Sondagem da Indústria de março de 2020, onde foram consultadas 788 empresas entre os dias 02 e 18 - sinalizou uma queda de 3,2 pontos em relação a fevereiro, para 98,2 pontos, sendo esse mês o primeiro resultado negativo depois de quatro altas nos resultados mensais, revelando a queda da confiança dos empresários do setor. Além disso, o resultado preliminar de março indicou uma redução de 1,1 ponto percentual do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI), para 75,1%.

    Desde o dia 16 de março, devido a chegada do Covid-19 ao Brasil, e as estimativas de rápida e forte propagação do vírus no País, inicialmente os Governos dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em seguida outros estados, passaram a recomendar que a população evitasse sair de suas casas, e algumas medidas começaram a ser tomadas, dentre elas : as escolas e universidades começaram a suspender as aulas presencias, recomendação da instituição dos trabalhos em home-office, redução de voos comercias, fechamento dos estabelecimentos comerciais, dentre outras medidas.

    Assim, institui-se no País um novo e mais intenso cenário de incertezas, sendo reconhecido a gravidade da situação, de tal forma, que o Governo, o Banco Central, a indústria e demais setores, já passaram a considerar um novo problema devido essa crise: a queda na atividade econômica interna em razão da retração da demanda interna em meio à crescente insegurança dos consumidores, com queda da confiança e redução do consumo diante de um mercado de trabalho ainda fragilizado e lenta recuperação econômica do País desde a crise política-econômica de 2014.

    Em relação aos impactos dessa crise nos diversos setores que compõem a indústria de transformação, a Lafis selecionou para comentar os resultados negativos sobre a produção industrial em três importantes cadeias da indústria de transformação: a indústria eletroeletrônica, a indústria da moda e a indústria automobilística. Esses três já correspondem por cerca de 30% da produção da indústria de transformação.

    De acordo com a a Associação Brasileira da Indústria de Eletro Eletrônicos (Abinee), estimativa divulgada ainda no início de março, As empresas do setor alertaram, que a produção do primeiro trimestre deveria ficar 22% abaixo da projetada no início do ano, devido as dificuldades de importação de materiais e componentes provenientes da China. As empresas do setor eletroeletrônico foram as primeiras a anunciar paralisações. Vale dizer, que em 2019, a
     
    produção de eletrodomésticos no País foi uma das atividades que mais se destacou com um crescimento bem acima da média da produção industrial geral, e era uma das atividades com potencial crescimento em 2019

    Em relação a indústria da moda, que abrange tanto a indústria de têxtil e confecções, como a indústria de calçados, essa é uma indústria intensiva em mão de obra, essa anunciou, num primeiro momento, a preocupação com os impactos da queda da demanda externa, mas na última semana, diante do fechamento do comércio nos principais centros urbanos do País, grandes fabricantes já declararam paralisações, e anunciaram que o setor deverá sofrer fortemente os impactos da queda da demanda interna diante do corona vírus.

    Este setor já vinha apresentando baixíssimo crescimento da produção industrial devido aos impactos da crise de 2014 no mercado de trabalho brasileiro, pois, o brasileiro mudou a forma de consumir itens de vestuário e calçados

    - com a recessão, as compras por impulso diminuíram e peças clássicas e versáteis ganharam mais espaço no guarda-roupa. Os hábitos dos consumidores ainda não voltaram à condição anterior à crise. A recessão no País reforça hábitos de reciclagem de roupas e calçados pelos consumidores, além de conduzir às compras mais conscientes.

    Por último, em relação aos impactos da crise do coronavírus na cadeia da indústria automobilística, destaca-se que, no dia 19, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes da Indústria de Automotores) anunciou que todas as montadoras associadas do País estavam se preparando para a paralisação da produção, de modo geral, a princípio o que mais notou-se foi a deliberação de férias coletiva inicialmente é até o final de abril. Haja vista, a paralisação das montadoras, diversas fabricantes de autopeças também anunciaram paralisação. De acordo com a entidade, essas paralisações devem-se tanto à preservação da saúde dos funcionários, como as perspectivas de queda das vendas durante o período de quarentena da população.

    Em 2019, as vendas internas de veículos leves apresentaram um crescimento de 7,7%, sobretudo pelo crescimento das vendas para frotistas, com destaque para as locadoras, uma vez que, o uso do transporte por aplicativos vêm crescendo no País, já a produção havia apresentado um crescimento moderado de 2,1% em relação à 2018, tendo em vista a queda das exportações. Assim, em janeiro de 2020, as perspectivas da Lafis, em linha com o mercado, era de um crescimento de 5,5% da produção de veículos leves no mercado nacional, dando continuidade ao movimento de crescimento das vendas para os frotistas.

    Contudo, diante das paralisações, e o estabelecimento da crise sanitária no País, já é esperada uma crise de confiança com significativa retração da demanda das vendas de autoveículos, uma vez que, em tempos de crise, tanto os consumidores, como os investidores deverão postergar a compra de veículos. Ou seja, mesmo após o retorno da produção, essa não deverá retomar à todo vapor.

    Desta forma, a perspectiva da Lafis para o desempenho da produção industrial no Brasil, principal varíavel correlacionada ao PIB Transformação foi reduzida. Até a primeira quinzena de março, a projeção da Lafis era de um crescimento de 2,2% da produção industrial em 2020, com um crescimento de 0,3% do PIB Transformação. No entanto, diante da crise do Covid-19 estabelecida no País no último dia 20, a Lafis realizou a revisão do seu cenário macroeconômico, e as projeções atualizadas para a produção industrial é de uma queda de 0,3%, e retração de 2,2% no PIB Transformação.


    Especialista Responsável Laís Soares.

    Após os primeiros efeitos sentidos do surto do Covid-19, o cenário econômico mudou e deverá continuar mudando constantemente. Muitas das previsões que eram críveis há uma semana, hoje já estão tão obsoletas quanto previsões feitas há mais de um ano.

    O próprio Ministério da Economia já admitiu os efeitos da brusca queda da atividade econômica ao revisar sua estimativa para o crescimento do PIB, passando a prever uma expansão mínima de apenas 0,02% para este ano, ou seja, uma estabilidade técnica.

    É por tais motivos que a Lafis revisou todo seu cenário macroeconômico para este e os próximos quatro anos, de modo a conformar todo o desequilíbrio econômico provocado pelos efeitos do período de confinamento adotado até então como forma de conter o ciclo de transmição da Covid-19 (doença causada pelo vírus Sars-CoV-2, comumente chamado de corona vírus) .

    Crescimento Econômico (PIB)

    O índice de atividade econômica (PIB) certamente é o indicador que sentirá os efeitos mais óbvios que um período de confinamento e paralisação da maioria das atividades econômicas traz consigo.
    Segmentos do setor de serviços como o comércio varejista e atacadista, setor de beleza e cuidados pessoais, vendas de eletrodomésticos, automóveis, móveis são só alguns exemplos que atividades que receberão grandes e negativos impactos e que levou a Lafis a alterar sua projeção para o PIB Serviços, que anteriormente apontava para uma expansão de 1,5%, passando à uma queda de 0,5%.

    A indústria, por sua vez, deverá ser afetada devido à profunda redução da demanda nestes meses de confinamento, bem como pelo período de restabelecimento das atividades após o fim do surto, fazendo com que o PIB Indústria deixe de percorrer a trajetória prevista de crescimento (1,1% pela previsão anterior), devendo se retrair  2,1% neste ano. 

    A soma destes efeitos deverá fazer a economia brasileira a se retrair 0,8% em relação ao ano anterior.



    Inflação

    Com a atividade colocada em um ritmo muito menos dinâmico, percebe-se que a crise instalada possui efeitos claramente desinflacionários. A orientação do Ministério da Saúde para que as pessoas evitem sair de suas casas como forma de conter o contágio pelo vírus, bem como diversos decretos estaduais proibindo a circulação de pessoas e a abertura de todo e qualquer serviço não essencial, fez que atividades como varejo físico, academias, serviços de beleza, conserto de aparelhos eletrônicos, dentre uma infinidade de outras, interrompessem totalmente suas atividades, o que torna impossível o repasse dos custos ao preço final.

    A indústria por sua vez, está vendo suas encomendas cairem a níveis muito menores, o que constitui um choque de demanda agudo. Nestas situações, a única solução é reduzir o preço dos produtos industriais, bem como a própria produção até que os crescentes estoques retornem aos níveis “normais”. Neste sentido, mais uma vez um possível repasse de custo (como por exemplo elevações dos insumos importados dado a desvalorização do real) se torna praticamente impossível de ser realizado ao preço final.

    As únicas excessões deste processo óbvio são os produtos essenciais para o período de confinamento. Alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza doméstica podem até apresentar pontuais aumentos de preço, dado ao aumento da demanda neste período, sobretudo em algumas regiões e áreas de maior adensamento populacional, no entanto, apesar de certo peso no IPCA geral de tais categorias (a saber Alimentação e Bebidas e Cuidados Pessoais), estas não farão frente às grandes quedas que ocorrerão na demais categorias como em Educação, Vestuário, Transportes e Habitação, o que fez com que a Lafis revisasse sua projeção para inflação acumulada de 2020, passando de 3,12% para 2,42%, patamar este abaixo do piso de metas de inflação estipulada pelo Banco Central.

     

    Juros

    Falando de Banco Central, com relação à condução da política monetária, há muito tempo o Bacen não descrevia uma mudança tão significativa do contexto econômico. Se antes a descrição da conjuntura interna permanecia sem grande alterações: “continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira ”, além do cenário externo que “apesar do recente aumento de incerteza, o caráter acomodatício da política monetária nas principais economias ainda tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes ”, agora, o mais novo texto do Bacen elaborado em ocasião do comunicado à imprensa o cenário mudou drásticamente.

    Mesmo que os dados ainda não tenham captado os efeitos do Covid-19 na atividade econômica, o Banco Central já reconhece a gravidade da situação descrevendo uma provável queda da atividade com efeitos claramente deflacionários, além do aumento da incerteza no mercado de capitais, tudo isso com magnitude e duração incerta. O cenário internacional ainda é mais grave e de efeitos imediatos “a pandemia causada pelo novo coronavírus está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos financeiros. Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulo monetário pelas principais economias, o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador ”.

    Assim, tudo isso fez com que a direção do Copom, em sua última reunião decidisse, por unanimidade, reduzir a taxa Selic de 4,25% para 3,75% a.a. - uma nova mínima histórica, deixando em aberto novos cortes a depender da necessidade. Dado isto, a Lafis revisou sua projeção (Selic) para fins de 2020, passando de 4,25% para 3,25%, prevendo mais um corte de 0.5 p.p já na próxima reunião.


    Taxa de Desocupação

    Outro mercado que certamente sentirá os efeitos do surto (ao que tudo indica, já está sofrendo) será o mercado de trabalho.

    Somente com a paralisação temporária dos serviços às empresas e famílias não essenciais, bares, restaurantes, comércio dentre outros, muitos trabalhadores foram e continuarão a ser dispensados, fato que já elevaria a taxa de desocupação.

    No entanto, os efeitos não deverão se limitar aos meses de confinamento apenas, mas sim a um período de duração de difícil determinação que se seguirá ao pico da crise sanitária. Após o restabelecimento da circulação de pessoas e reabertura das atividades econômicas suspensas, poderemos observar um longo período de atividade deprimida em virtude da falência de parte da força produtiva que sofreu com a brusca queda de receita e que não tinha uma reserva de caixa para financiar tal período.

    Com isso, muitos trabalhadores, antes dispensados, não encontrariam seus antigos postos de trabalho à disposição, levando-os ao desemprego ou ao emprego precário. Além, disso, o consumo provavelmente não deverá se restabelecer instantaneamente aos níveis pré-crise Covid-19, o que deverá afetar o ritmo de contratação da força de trabalho que a economia vinha traçando desde 2017.

    Tais motivos levam a Lafis a crer numa elevação da taxa média de desemprego ao valor de 12,5% da população economicamente ativa neste ano.



    Taxa de Câmbio

    Os sucessivos recordes do dólar em relação ao real colocam o Brasil como o país com a moeda de maior desvalorização entre emergentes em 2020.

    Isso se dá pois em momentos de crise, como é o atual cenário de previsão de recessão mundial, investidores estrangeiros saem de países de mais risco, como o Brasil, e compram em massa títulos do Tesouro de economias mais estáveis, em especial dos Estados Unidos, dado que são considerados uma das poucas alternativas seguras para preservar capital em tempos de grande incerteza.

    Sendo assim, tais motivos levaram a Lafis a corrigir sua projeção cambial para o real, acirrando sua trajetória de desvalorização.



    Resultado Fiscal (déficit primário)

    Por fim, como apontando anteriormente, com a redução do nível de atividade econômica no país, somada aos efeitos da desaceleração da economia, colocou em primeira ordem de urgência a adoção de um pacote e medidas de apoio à população mais vulnerável economicamente, bem como as empresas em situação de insolvência, além de verba extra para apoio das ações médicas, logísticas e sanitárias

    Tudo isso promete acirrar o déficit fiscal para além do patamar de gastos projetados anteriormente pela Lafis, bem como da meta fiscal prevista. Neste sentido, o reconhecimento de calamidade pública fez com que o Congresso aprovasse rapidamente o decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade pública no país, permitindo que o governo aumente o gasto público e descumpra a meta fiscal prevista para o ano. Assim, o orçamento de 2020, que antes admitia déficit fiscal de até R$ 124,1 bilhões nas contas públicas, agora já não terá mais nenhum limite legal.

    Mesmo reconhecendo a grande dificuldade que é projetar a demanda adicional de gastos necessários, aliado a perda de arrecadação que se seguirá da perda econômica nos diversos setores produtivos e de consumo nacional, o exercício realizado pela Lafis de projeção das receitas e despesas primárias públicas trouxe um déficit fiscal substancialmente maior, devendo ser gasta a quantia de R$ 202,75 bilhões em 2020 acima das previsões de arrecadação, desvirtuando totalmente a trajetória de redução do déficit primário que o País vinha traçando.

    Economista Responsável Felipe Souza.



    Historicamente a Petrobras adotava uma política de preços (PP) dos combustíveis com poucos ajustes ao decorrer do ano, e em alguns, a petrolífera chegou a praticar preço de venda inferior aos custos da empresa.

    Em 2016, a PP foi alterada e tinha como base dois fatores: paridade com o mercado internacional e uma margem para remunerar riscos inerentes à operação, como a volatilidade da taxa de câmbio e do próprio preço do petróleo. A nova política previa avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês.

    Em 2017, em resposta à percepção da empresa de que a frequência dos ajustes anunciados na revisão anterior não era suficiente para acompanhar a oscilação de ambas as variáveis, e de que, nem a empresa poderia sustentar a produção como margens reduzidas, nem o Governo poderia mais bancar os subsídios concedidos à tais combustíveis fósseis, houve uma nova alteração da política de preços, desta vez podendo a empresa alterá-los (gasolina e diesel) nas refinarias diariamente.

    No entanto, o que não fazia parte do cenário desenhado anteriormente, era que o preço do barril do Brent negociado em Londres fosse disparar e chegar a US$ 77,00 no início de maio (09/05), o maior preço desde 2014 e, em 2018 acumula alta de 15,5%. Já o WTI, negociado em Nova York, subiu 17,9% no mesmo período. Soma-se a esse fato a crescente expectativa em relação à alteração na política monetária dos EUA, o que promoveu uma desvalorização de 10,5% na taxa de câmbio no Brasil desde o início de abril. No dia 18 de maio, antes mesmo que fosse desencadeada a alta nos preços dos combustíveis, o real chegou a ser cotado a R$3,75, como sintoma do estresse internacional.

    Na esteira do aumento dos preços, o que também se observou a partir da PP vigente foi o aumento da participação do diesel importado e retração do diesel produzido internamente (em 2015 as importações representavam aproximadamente 12% do consumo interno, valor que chegou a 30% no primeiro trimestre de 2018). Dessa forma se compreende quais foram as principais razões para a atual greve dos caminhoneiros e a complexidade política em torno dela. 

    Especialista do Setor  Marcel Carneiro e Marcos Henrique


    De acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) divulgada no último dia 28/01 pelo IBGE, o Brasil fechou 2015 com uma taxa de desemprego de 6,8%, resultado 2,5 pontos percentuais maior que o observado em dezembro de 2014 (4,3%). Não bastasse a constatação de que a recessão comprimiu fortemente o mercado de trabalho no ano passado, alguns setores já anunciaram que esperam mais demissões para 2016, confirmando a percepção de que ainda há espaço para piorar o cenário econômico antes de iniciarmos uma recuperação.

    Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), após uma retração de 14,4% no faturamento de 2015 e a demissão de 8,1% do pessoal empregado nas empresas do setor, estas deverão continuar com os cortes na folha de pagamentos para conseguir equalizar os custos diante do cenário projetado para 2016. O número estimado pela Associação é de 20 mil postos de trabalho a serem fechados ao longo de todo o ano.

    Algo similar foi informado pela Sinditêxtil SP (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo), diante da previsão de 15% de queda na produção em 2015. Projeta-se a demissão de mais 12 mil vagas em 2016 no setor, somando às cerca de 30 mil que foram efetuadas em 2015, de acordo com o sindicato. 

    Situação ainda pior foi anunciada por representantes do setor de Turismo e Hotelaria, após o anúncio oficial de que foi revogada a isenção da cobrança de imposto de renda sobre as remessas ao exterior para pagamento de prestação de serviços relacionados a viagens de turismo, negócios, serviços, treinamentos ou missões oficiais – despesas com hotel, transporte, cruzeiros marítimos e pacotes de viagens, por exemplo. A partir de 1º de janeiro deste ano, passa a vigorar a alíquota de 25% sobre o valor da remessa, o que deve ocasionar a perda de até R$ 20 bilhões para a economia e o fechamento de mais de 185 mil empregos diretos.

    Contabilizando todos os anúncios, espera-se a eliminação de 217 mil postos de trabalho em 2016 somente nestes três setores. Outras representações setoriais, como a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), apontam taxa de desemprego de 10,2% para 2016, concluindo que o ano será de aprofundamento da recessão econômica.

    Analista responsável: Robson Poleto


    A Standard and Poors (SP) rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil de BBB- para BB+, um nível especulativo. A agência de classificação de riscos atribuiu a queda do rating ao cenário político, que afeta diretamente as questões econômicas, com destaque para as finanças públicas.

    É importante destacar que as perspectivas da Lafis já apontavam para o risco de perda de grau de investimento em alguma das mais importantes agências de classificação de risco, diante das dificuldades de condução da política econômica, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento de metas de superávit primário. No entanto, tal fato ocorreu anteriormente ao esperado pela Lafis e pelo mercado.

    Diante do rebaixamento da nota de crédito, projeta-se algumas consequências de curto e médio prazos para variáveis macroenômicas, com destaque para uma desvalorização da taxa de câmbio. Além disto, à medida que se tornou mais arriscado, segundo a agência, investir em papéis no Brasil, poderá ocorrer uma possível retomada no aumento da taxa SELIC, a fim de aumentar a remuneração dos títulos públicos para compensar o aumento do risco e conter uma possível evasão de divisas.

    Setorialmente, os segmentos dependentes de matérias primas importadas, como é o caso da agricultura em relação aos fertilizantes, e setores em que a demanda é influenciada pelo custo do crédito, como é o caso da construção civil e do setor automotivo, podem ser mais impactados negativamente.

    Por fim, pode-se dizer, em alguma medida, que a forte desvalorização cambial observada ao longo do ano, bem como o aumento da taxa de juros, já demonstra uma maior cautela do investidor estrangeiro, impactando consequentemente o desempenho de alguns setores da economia. Neste sentido, deve-se atentar para o risco de maior volatilidade, desvalorização do Real, elevação da taxa SELIC, aumento da incerteza (tanto do consumidor, quanto dos investidores), bem como futuras mudanças no rating dado ao país pela própria SP e também pela Fitch e Moodys.


    Se o plano de ajuste fiscal arquitetado pelo Ministro da fazenda, Joaquim Levy, ainda não tinha recebido apoio do Congresso Nacional, o Governo pode comemorar sua primeira vitória. Foi aprovado pelo Senado o projeto de Lei que reduz as desonerações concedidas pelo governo a 56 setores da economia.

    Criada em 2011 pelo governo, a renúncia fiscal tinha objetivo de desonerar a folha de pagamento das empresas (pois abria oportunidade para que as empresas substituissem a tributação obrigatória sobre a contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamentos para a Previdência, por alíquotas incidentes na receita bruta das empresas), de forma que estas poderiam empregar maior mão-de-obra à um custo fiscal menor, além de abrir caixa para que investimentos fossem estimulados, redinamizando a cadeia produtiva e a economia como um todo. Em 2014, a medida acumulou uma renúncia fiscal de cerca de R$ 22 bilhões.

    Assim, a partir de 90 dias de publicação da lei (que ainda será encaminhada para aprovação presidencial) o projeto implicará em aumentos diferenciados para alguns setores, aumentando as alíquotas atuais de 1% e 2% para até 4,5% a depender do segmento.

    Opositores da medida a criticam sob a alegação de o aumento na alíquota provocará uma onda de demissões, aumentando os efeitos da retração econômica atual. Por outro lado, os defensores da medida alegam que tal fez-se necessária, uma vez que nem todas as desonerações concedidas se transformaram em investimento para a manutenção de empregos. O fato concreto é que tal ação inevitavelmente terá efeitos positivos no balanço fiscal federal, contribuindo para o sucesso do plano de contenção fiscal, já que estima-se que a mudança poderá resultar em uma arrecadação de cerca de R$ 10 bilhões.

    Analista Responsável: Felipe Souza


    Segundo último resultados apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) dia 01 de abril, o mês de março apresentou queda tanto das exportações quanto das importações no Brasil nas médias diárias, prejudicando o resultado da balança comercial no primeiro trimestre de 2014. As primeiras apresentaram uma queda de 4% em relação ao mesmo mês de 2013, devido ao menor embarque de manufaturados (-15,3%) e semimanufaturados (19,6%, na mesma base comparativa). As importações, por sua vez, registram queda de 3,8% em relação a março de 2013, devido à uma retração de 24,5% nas importações de combustíveis e lubrificantes (em função da queda dos preços e das quantidades importadas de petróleo, óleos combustíveis, gás natural, carvão e gasolina)  e de bens de capital (-2,8%). 

    Com uma queda mais pujante das exportações nos três primeiros meses do ano, o déficit da balança comercial foi ampliado no primeiro trimestre do ano, ficando negativo em US$ 6,07 bilhões, com importações somando US$ 55,6 bilhões e exportações em US$ 49,5 bilhões. Os principais agravantes para o resultado comercial neste início de ano foram, pelo lado das exportações, foram a queda de preços de commodities e a retração no embarque de manufaturados. 

    O andamento de duas das maiores economias do mundo influenciaram os resultados dos preços das commodities, devido à gradual retirada de estímulos do Banco Central dos Estados Unidos à economia americana e à desaceleração mais forte do que a prevista do ritmo de atividade econômica da China somado a um alto estoque neste país, principalmente de commodities minerais. Com este cenário, é possível afirmar que a recuperação dos preços de diversas commodities não é esperada para o ano de 2014, dificultando vislumbrar resultados muito positivos para a balança comercial brasileira. Para um resultado superavitário no ano, seria necessário um grande "colchão" de resultados positivos no segundo e terceiros trimestres do ano, o que parece um pouco difícil neste curto prazo. Assim, o que se espera como resultado da balança comercial para o ano de 2014 é de uma estabilidade na comparação com 2013 com viés de baixa, caminhando para um possível déficit comercial.

    De acordo com as Contas Nacionais, divulgadas hoje (01/03) pelo IBGE, o PIB nacional apresentou crescimento de 0,9% em 2012, atingindo R$ R$ 4,403 trilhões; com isso o PIB per capita apresentou relativa estabilidade (0,1%).  O setor de serviços puxou a atividade, com crescimento de 1,7%, enquanto a indústria e a agropecuária apresentaram queda no ano (-0,8% e -2,3%, respectivamente). Na agropecuária, a seca que atingiu algumas regiões produtoras na safra 2011/2012, especialmente o Centro-Sul do país, prejudicou produção agrícola do ano, o que fez com que os preços do setor disparassem, com efeitos negativos, inclusive, sobre a pecuária. Quanto ao PIB industrial, o desempenho da indústria de transformação (-2,5%) foi determinante para o resultado. Com isso, o crescimento do valor adicionado na economia foi de 0,8% ao passo em que os impostos apresentaram alta mais intensa, de 1,6%.

    Pelo lado da demanda, os investimentos figuraram como destaque negativo, com queda de 4,0%. De fato, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) refletiu a queda da produção de máquinas e equipamentos e apresentou trajetória decrescente ao longo do ano, situando-se em 18,1% do PIB findo 2012 (19,5% e 19,3%, em 2010 e 2011, respectivamente). O desalinhamento das expectativas, haja vista o necessário período de acomodação da política econômica e o cenário externo ainda inconsistente, além de adequações setoriais de estoques, podem ter contribuído para a queda dos investimentos no ano. O consumo das famílias (3,1%) e da administração pública (3,2%) mantiveram-se favoráveis, embora o consumo das famílias tenha apresentado desaceleração diante do resultado de 2011, quando foi registrada alta de 4,1%; por outro lado, os gastos da adm. pública foram intensificados, saindo de 1,9% em 2011 para 3,2%. O setor externo contribuiu negativamente, com as importações superando as exportações em 11%.

    Apesar do fraco resultado divulgado, as perspectivas para 2013, véspera das eleições presidenciais e da ocorrência da Copa do Mundo, são bem mais animadoras. Nos investimentos, os maiores desembolsos do BNDES associados às concessões no setor de infraestrutura deverão dar ânimo aos investidores. Além disso, a menor incerteza em relação ao cenário econômico internacional, ainda que permaneça um quadro de baixo crescimento nos países desenvolvidos ao longo dos próximos anos, também deverá contribuir para um aumento dos investimentos no Brasil. As estimativas para a safra agrícola de 2013 apontam para um crescimento de 13,1%, o que deverá dinamizar o agronegócio. O consumo das famílias deverá manter crescimento consistente ao passo em que a atividade industrial deverá refletir as melhores condições macroeconômicas (taxa de juros menores e câmbio mais favorável) e reverter a queda observada em 2012. De fato, apesar do resultado pouco animador de 2012, há motivos suficientes para maior otimismo em 2013.


    No primeiro trimestre de 2012, o PIB calculado pelo IBGE cresceu 0,2% em comparação ao trimestre anterior, atingindo R$ 1,03 trilhão no trimestre; no acumulado em 4 trimestres a alta atinge preocupantes 1,9%. Tal resultado estimulou uma onda de revisões e as novas estimativas de crescimento tem evidenciado a possibilidade de que o PIB de 2012 sequer atinja o já bastante deprimido resultado de 2011 (2,7%).

    De fato, as perspectivas para 2012 não são muito animadoras. Os principais combustíveis que estimularam o crescimento de 2010-2011 tem apresentado sinais de perda de fôlego: o ciclo positivo dos preços das commodities exportados pelo país (especialmente minério de ferro) vem perdendo força, dada a baixa dinâmica externa, reduzindo a vantagem nos termos de troca; o consumo das famílias, que se constituiu como forte dinamizador do crescimento nos últimos anos, tem mostrado acomodação na margem, o que pode ser atribuído ao crescimento dos indicadores de inadimplência e a algum nível de saturação da demanda por bens duráveis, por vezes associada pelo maior comprometimento da renda decorrente do ciclo de consumo anterior. O setor industrial, apesar de melhora na margem, ainda tem amargado as suas condições desfavoráveis de competitividade interna e externa, não obstante a depreciação da taxa de câmbio nos últimos meses.

    A queda dos investimentos públicos acentuaram os resultados do trimestre, quando a formação bruta de capital fixo (FBCF) atingiu queda relevante (1,8%), depois de duas retrações de 0,6%, nos trimestres anteriores. Além dos fatores mencionados, o aumento da incerteza dos agentes econômicos diante do cenário externo e seus efeitos sobre a economia nacional tem influenciado negativamente as decisões de investimento no curto prazo, comprometendo a capacidade de expansão da economia ainda em 2012. Diante destes fatores, deverá ser crucial para o desempenho do ano a reação da economia diante dos incentivos já adotados e porvir, além das expectativas quanto ao cenário externo, que tampouco apresentam sinais de reversão.


    Na mesma semana em que o IPCA surpreendeu mesmo estimativas otimistas (0,36% em maio e 5,0% em 12 meses), o COPOM divulgou a ata da reunião em que deliberou pelo corte de 0,5 ponto percentual na SELIC, levando-a à sua mínima histórica (8,5%) e acionando a nova regra de rendimento da caderneta de poupança.

    Parece claro que o momento tem se mostrado adequado para reduções consistentes na taxa de juros, principalmente no que tange à evolução do cenário externo e suas implicações sobre a inflação e atividade internas, o que se traduz em uma oportunidade histórica para o alcance de uma taxa de juros real mais civilizada. Mesmo sob pressão na oferta de produtos agrícolas relevantes no abastecimento interno, como o arroz e o feijão, os índices de difusão do IPCA tem apresentado queda, o que aponta para uma redução na dispersão da alta de preços na economia.

    A postura parciomoniosa do BACEN poderá direcioná-lo a uma parada na redução da SELIC; uma vez que, após queda de 4 pontos entre agosto/11 e maio/12, a atividade econômica não tem reagido consistentemente à trajetória da taxa de juros. De fato, tal dinâmica aponta que a atividade pode carecer de maiores estímulos quanto à criação de um ambiente propício para a realização de investimentos, especialmente no que diz respeito à infraestrutura, burocracia e carga tributária.


    A decisão pelo corte em 0,75 p.p do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) anunciada no dia 18 de abril em nada surpreendeu o mercado, que já esperava por tal redução. No entanto, o parágrafo 35 da ata da reunião, divulgada no último dia 26, causou certa surpresa entre os analistas econômicos.

    A razão para certa surpresa decorre principalmente da dificuldade do Banco Central em alinhar às expectativas dos agentes com as perspectivas da condução da política monetária. Na ata da reunião de março, o Copom havia sinalizado, de maneira mais explícita, que a taxa de juros tenderia a se estabilizar em patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos (8,75% a.a). 

    Contudo, o parágrafo mencionado da ata de abril, de certa forma, não deixou claro os próximos passos a serem seguidos. Segundo este, "[...] mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia." 

    As dúvidas com relação à condução da política monetária permanecem, em virtude da ata de março ter sido explícita em como seria a trajetória de juros permitindo maior alinhamento das expectativas do mercado e o item 35 da ata de abril ter sido pouco claro se o afrouxamento monetário vai prosseguir e em qual magnitude, o que tem desalinhado as expectativas.

    A preocupação do Banco Central com a lenta retomada da atividade econômica, uma vez que a pressão inflacionária parece ter se esvaído (tanto o BC como o Ministério da Fazenda acreditam na convergência do IPCA ao centro da meta já em 2012) parece ser cada vez mais evidente. Vale a pena ressaltar que mesmo a autoridade monetária acreditando que a economia vai se aquecer no segundo semestre, o otimismo quanto ao crescimento é menor que o observado no Ministério da Fazenda já que este acredita em expansão econômica de 4,5%, enquanto o cenário base do BC fala em crescimento de 3,5%. 


    A guinada na condução da política monetária em agosto de 2011, quando decidiu-se pelo corte de 0,50 p.p. na taxa Selic e as posteriores reduções, na mesma intensidade até a reunião de março de 2011, encontravam justificativas principalmente na deterioração do cenário internacional. Contudo, a redução de 0,75 p.p. na última reunião parece encontrar explicação fundamentalmente na desaceleração da economia doméstica.

    A despeito de uma razoável melhora no cenário internacional com os Estados Unidos sinalizando alguma recuperação e a Zona do Euro reduzindo a possibilidade de uma falência no sistema financeiro, o desaquecimento da economia interna pode ser evidenciado por três indicadores recém divulgados: produção industrial de janeiro, PIB de 2011 e o IPCA de fevereiro.

    O fraco crescimento do PIB em 2011 (2,7%) foi influenciado, principalmente pelo baixo desempenho do setor industrial no ano (+1,6%/10), não obstante a agropecuária tenha contribuído para que não ocorresse uma queda maior (+3,9%/10). A indústria iniciou 2012 ainda com desempenho decepcionante uma vez que a produção industrial retraiu-se 2,1% ante dezembro de 2011; na comparação com janeiro de 2011, a queda foi de 3,4%. Estes dois fatores podem ter tido alta influência na decisão do Copom.

    O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também mostrou desaceleração tanto em relação a janeiro de 2012 como comparativamente a fevereiro de 2011. O índice encerrou o mês com elevação de 0,45% e acumula em 2012 expansão de 1,02% (abaixo dos 1,62% acumulados em igual período de 2011). Os indícios de uma possível desaceleração nos preços convergindo, mesmo que lentamente, para o centro da meta, permite, ao menos no curto prazo, que o Banco Central adote uma política monetária mais frouxa, de estímulo à economia.

    As medidas de estímulos à economia, via alterações nas taxas de juros, tendem a ter um efeito defasado sobre a economia real. Estes efeitos tendem a serem percebidos no segundo semestre de 2012 e isso poderá refletir em pressões inflacionárias tanto para o final do ano como para 2013. Caso esta tendência se confirme, a autoridade monetária deverá ficar alerta para a retomada mais intensa de pressões inflacionárias que podem fazer com que o ciclo de baixa iniciado em 2011 passe a ser revertido já em meados de 2013.


    O Governo anunciou nesta sexta-feira a desoneração da folha de pagamento do setor industrial como forma de auxílio à indústria nacional. O valor da taxa que será desonerada ainda não foi anunciado, mas segundo o Ministro da Fazenda Guido Mantega esta política de governo deverá durar cerca de um ano.

    O PIB da indústria em 2011 apresentou desaceleração em mais de 8 pontos percentuais, encerrando o ano com crescimento de 1,6%, estimulado principalmente pela indústria de mineração e construção civil. Por outro lado, a indústria da transformação encerrou o ano com estabilidade (0,1%), observando-se queda de 0,5% no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre de 2011. Em Janeiro, na pesquisa mensal da indústria realizada pelo IBGE, a queda foi de 3,4% entre janeiro de 2012, em relação a janeiro de 2011.

    A indústria, em especial a de transformação, encontra-se em uma situação delicada. Já recebeu alguns incentivos governamentais, como isenção de IPI para linha branca e aumento  do IPI para veículos importados. Mesmo assim, o setor continua em queda, com a produção de automóveis caindo cerca de 26,7% (jan 2012/jan 2011) e a de vestuário apresentando queda 19,4% para o mesmo período de comparação. 


    Os indícios de desaceleração da economia brasileira, conforme já haviam sido anunciados pelos dados do IBC-Br do Banco Central em setembro, se confirmaram com o resultado do PIB do terceiro trimestre divulgado pelo IBGE. O desaquecimento, no entanto, ocorre mais em função das medidas tomadas pelo governo e menos em razão da crise econômica global.

    As medidas adotadas pelo governo brasileiro no início de 2011 (elevação da taxa de juros e medidas macroprudenciais) que foram implantadas para desacelerar a economia e com isso trazer a inflação para o centro da meta, por possuírem defasagem de efeito, começaram a afetar a economia real somente na segunda metade de 2011. Este talvez seja o maior motivo para o resultado do terceiro trimestre.

    É certo que a crise econômica mundial tem seus impactos no resultado da economia brasileira, no entanto, eles não constituem a força motriz do desaquecimento interno. Isto pode ficar mais claro com os resultados positivos que o setor externo demonstrou no período - com as exportações crescendo 1,8% e as importações recuando 0,4%. Ou seja, graças ao mercado internacional, a economia não apresentou retração.

    A economia brasileira caminha para um crescimento por volta de 3,3% em 2011 - resultado este que não deve ser lamentado dado o cenário econômico tanto interno quanto externo. A atuação do Banco Central, principalmente no segundo semestre, quando iniciou o ciclo de afrouxamento monetário, deve ter impactos importantes na economia real somente em meados de 2012. Deste modo, um mercado doméstico ainda em expansão e com aumentos reais de salários a partir de janeiro pode ser, novamente, a razão principal para uma expansão maior no próximo ano.


    Ao longo do ano, a desaceleração da atividade econômica evidenciou o comportamento da indústria, que vem apresentando contração na margem e forte desaceleração na comparação interanual. A indústria de transformação, principal componente da atividade industrial, tem se ressentido dos efeitos da piora das expectativas de empresários e consumidores (dadas as incertezas no cenário internacional e seus reflexos sobre a economia brasileira), bem como da forte concorrência com produtos importados, intensificada pelo atual patamar da taxa de câmbio.

    A contração da atividade indústrial e a desaceleração das vendas do comércio ampliado explicitados no mês de setembro (período sazonalmente de intensificação da atividade, devido às vendas de final de ano), bem como a evolução recente da política monetária, evidenciaram a necessidade de revisão das projeções macroeconômicas relacionadas ao produto nacional, embora o cenário inflacionário esteja em linha com as projeções da Lafis.

    No âmbito externo, observou-se deterioração nos últimos meses entretanto não houve uma ruptura significativa nas economias que compõem a Zona do Euro. Os impactos na economia brasileira (alta volatilidade cambial e desaceleração econômica) em decorrência da degradação do cenário estão em acordo com o cenário apontado pela Lafis desde suas últimas projeções.

    Portanto, em virtude de mudanças, principalmente no que tange a atividade industrial,   a Equipe de Análise Econômica da Lafis reviu suas projeções para o PIB de 2011 em seu Relátorio de Análise Macroeconômica de Dezembro, reduzindo a projeção anterior de 3,7% para uma taxa de crescimento de 3,3% no ano. Sendo assim, mantida a estimativa para o crescimento em 2012 (4,0%), houve um ajuste marginal na taxa referente a 2013, de 4,2% para 4,3%.


    A União Europeia aplicará uma sobretaxa de 25,9% sobre as exportações brasileiras de folhas de alumínio para qualquer país do bloco. Isso seria uma medida antidumping visando proteger a indústria dos prejuízos causados pela concorrência desleal. A medida tem base temporária, mas pode durar até cinco anos. A ação vai contra o compromisso dos lideres do G-20 de não aumentar a recessão, criando barreiras para o comércio internacional.
    O Brasil é o sexto maior produtor mundial de alumínio e exporta metade de sua produção, fechando 2008 com 8.627 toneladas vendidas. No mercado Europeu, o Brasil tem participação de 12,8% e a China tem 30,7%, com um total de 35.340 toneladas vendidas em 2008. A China também é afetada com as sobretaxas pela União Européia, que variam entre 10,7% e 42,9% aplicadas ao seu alumínio.
    Existe a possibilidade de que isso seja negativo para as grandes produtoras brasileiras, como a CBA, Novelis e Alcoa, devido a diminuição das exportações causadas pela sobretaxa, além de uma redução de preços internos em decorrência do aumento da oferta. Nesse contexto, há perspectiva de diminuição da produção do setor, visando sua adequação à um nível de preços mais baixo.